Brasil

quinta, 14 de julho de 2011

Convicta, Dilma Rousseff diz que Brasil será Potência Mundial

A presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou que o Brasil será uma potência econômica mundial e que as pessoas hoje, no País, têm autoestima. Pediu até que um dos jornalistas que a entrevistou na, escrevesse isso. A convicção da presidente se deve aos investimentos públicos no programa de erradicação da miséria. Dilma concedeu entrevista a apenas três veículos de comunicação, as rádios Educadora e Onda Sul, ambas de Beltrão, e à Banda B, de Curitiba. Ela estava à vontade, falou por cerca de 30 minutos, em entrevista realizada no Aeroporto Municipal. (FP)

Luiz Carlos Martins - Rádio Banda B - A agricultura familiar, a gente pesquisou, e tem três questões que eles gostariam de ver atendidas. Primeiro a burocracia dos bancos. Segundo, se o dinheiro vai chegar até eles. Terceiro, o preço mínimo que eles não tem.

Dilma - No caso do preço mínimo, a agricultura familiar não tinha uma política de garantia de preços mínimos. Por vários motivos, a agricultura é sujeita a problemas e isso pode provocar perdas grandes quando não se garante os preços mínimos. Então, neste plano safra nós estamos garantindo trezentos milhões só para o preço mínimo da agricultura familiar. Uma outra questão muito importante na burocracia é toda a reclamação que a agricultura familiar tem feito quando se trata da circulação de produtos da agroindústria familiar, os laticínios, produtos derivados do porco, mel, todos estes produtos têm dificuldade de circulação. Nós fizemos uma parceria entre o Ministério da Agricultura e o MDA. Os fiscais do Mapa vão ter de fazer duas coisas: tá aqui o governador Beto Richa. A primeira coisa é descentralizar a fiscalização e passar para o estado esse processo para estados que tenham condições de fazer fiscalização. O Paraná, do nosso ponto de vista. é um desses estados. Então o que aconteceria? O Mapa faria uma espécie de uma auditoria para ver as condições, de fiscalização de problemas, por exemplo, sanitários, se estariam em condições, os agricultores familiares teriam uma fiscalização para adaptarem às características específicas da nossa agroindústria familiar e com isso se teria menos burocracia. Outra questão: nós construímos dentro da Caixa Econômica Federal uma superintendência para tratar exclusivamente do financiamento dentro do Minha Casa, Minha Vida II de reformas...

Porque o agricultor familiar, o agricultor em geral, o mundo rural tem uma outra característica, uma outra dinâmica, tem problemas específicos que o urbano não tem, então nós vamos também garantir que, por exemplo, a posse da terra seja com condições suficientes para ele poder receber o seu empréstimo. Mesma coisa no Pronaf, muitas vezes ele quer um empréstimo pra reformar a casa, ele quer reformar uma cozinha, quer acrescentar um quarto, então nós estamos, nesse Plano Safra 2011/2012, tentando reduzir a burocracia ao máximo. De fato, a burocracia tem impedido que o dinheiro que nós colocamos à disposição chegue na mão do agricultor ou na mão de quem quer que seja.

Nós estamos colocando esse ano mais de 6 bilhões, nós reduzimos os juros, os juros eram de quatro (por cento) de investimentos, foi para dois, nós reduzimos, nós aumentamos espaços, nós aumentamos o limite de crédito por agricultor, que passou para 130 mil reais, enfim, nós criamos uma série de benefícios pro agricultor familiar, pra que ele seja um instrumento fundamental do crescimento produtivo do país. E se a gente tiver essa telha de agricultores familiares que sejam capazes de ter uma renda elevada, de ter uma condição de produção melhor o Brasil inteiro cresce com o agricultor familiar. Além disso, eles são responsáveis pela qualidade do alimento que nós temos em nossas mesas todos os dias.

Larissa Mazalotti, da Rádio Onda Sul FM - Aproveitando que a gente estava falando de agricultura, o Sudoeste do Paraná lembra agricultura, tem toda uma potência de tecnologia, como é o caso de Pato Branco, Dois Vizinhos que vão se soltando nesse setor. Qual a sua opinião, como que pode ser definido o papel do Sudoeste na esfera nacional?

Dilma - Olha, eu acredito que essa seja uma das regiões mais promissoras do país, e ao mesmo tempo com um processo de desenvolvimento que já está ocorrendo. No caso da indústria têxtil nós estamos, é, muito interessados em que o Brasil tenha maior competitividade no caso da indústria têxtil, principalmente em relação ao mundo asiático...

Hoje entra no mercado brasileiro com preços baixos. Nós vamos lançar um programa de desenvolvimento produtivo, agora no final do ano, agora na metade do semestre, desculpa, e ele vai se caracterizar por uma redução de impostos, com melhoria nas condições de financiamentos, com exigências maiores quanto a qualidade dos produtos que estão sendo importados na área têxtil. Com isso nós estamos acreditando que uma parte das despesas brasileiras nesta questão vão ser colocadas em prática e tornados realidades. Além disso, eu queria te dizer uma coisa que eu acho muito importante: uma região que aposta na agroindústria e na agricultura familiar, que aposta na indústria têxtil, por exemplo, mas também que aposta na questão da tecnologia, ela está construindo uma forma de desenvolvimento muito sustentável. A tecnologia, pra mim, é hoje, um elemento chave pra que o Brasil dê um passo forte em direção ao crescimento sustentável. Vou te dar um programa que nós vamos fazer, que certamente beneficiará os jovens na região: é o programa de bolsas em universidades estrangeiras, nós elencamos as trinta melhores universidades em vários ramos, seja de ciências exatas, engenharia, todas as espécies de engenharia, química, física e isso eu acredito que vai ser um fator muito importante na melhoria da nossa capacidade de inventar, de inovar e de fazer produtos que de fato levem a uma agregação maior de valor as regiões brasileiras.

Claudinei Del Cielo, Rádio Educadora - Quando se fala em agricultura um dos problemas é o escoamento da safra, rodovias em péssimas condições, inclusive algumas federais. O Sudoeste mesmo indica, por exemplo, o aeroporto regional, por exemplo para sua vinda hoje a senhora teve que vir até Chapecó para depois se deslocar a Francisco Beltrão. O governo federal pode apoiar?

Dilma - Olha, hoje já existe programa federal de auxílio a aeroportos, esse programa federal de auxílios aos aeroportos é coordenado pela Secretaria de Aviação Civil, através dele o aeroporto em questão tem que entrar no Plano Aeroviário do Estado. A partir do momento que ele entra no Plano Aeroviário do Estado, em parceria com o Estado, na medida que o Estado encaminha o pleito com a Secretaria de Aviação Civil, e em parceria com o governo federal, nós colocamos recursos. Eu concordo contigo, eu acho que um país continental como o Brasil, nós vamos ter que ter uma política agressiva de aeroportos regionais, mas para isso é também necessário toda uma política de tarifação diferente. Porque um aeroporto, ele não tem usuários necessários, se ele não tiver uma forma de atrair as empresas prestadoras de serviços, é, as empresas de aviação... não pode ser só para presidente da República descer em Francisco Beltrão, (risos) tem que ser para as pessoas de Francisco Beltrão usufruírem do aeroporto, aí é preciso do avião. E essa é uma discussão que estamos tendo, se nós achamos que o Brasil precisa de política de subsídio cruzado, o que se refere à aviação regional. A aviação regional não pode ser tratada como a aviação, por exemplo, o aeroporto de São Paulo, ela não vai dar o mesmo rendimento que o aeroporto de São Paulo, então para atrair uma empresa de aviação regional nós teremos de ter uma política especifica para essa empresa poder chegar aqui e levar o usuário no avião. O governo federal está primeiro resolvendo gargalos violentos que tem na estrutura do aeroportuária do país que todo mundo conhece através de um processo de concessão em que a Infraero fica com 49% e a empresa que ganha a licitação vai ficar com 51%. E nós, imediatamente, acredito que até o final desse ano, teremos uma proposta da aviação civil regional para o Brasil. Agora, é uma proposta que obviamente não é possível pensar que nós iremos manter a mesma estrutura, vai ter que ter alguns voos para garantir que haja fornecimento para o pessoal de Francisco Beltrão e região o direito de ir e vir de aviação, mas sem sombra de dúvida vai ser necessário um subsídio, não há como sustentar a aviação regional e isso é uma referência até internacional, sem subsídio.

Luis Carlos Martins, Rádio Banda B - Presidenta, eu tava pensando aqui quando estava vindo pra cá, "eu vou fazer uma pergunta para a presidenta Dilma que muita gente gostaria de fazer". A senhora está feliz?

Dilma - Essa é uma ótima pergunta pra dar um descanso. Muitas vezes aparece que presidente da Republica não é um ser humano normal. Você sabe Luis Carlos, eu fico muito feliz, sou como qualquer outra pessoa normal. Tenho dias de muita felicidade, tanto por conta que a gente consegue realizar aquilo que a gente se determinou a fazer pro Brasil quando eleição, quando eu lancei, por exemplo, o programa Brasil sem Miséria eu fiquei muito feliz, quando eu lancei o programa nacional de tecnologia Emprego Pronatec, que é para criar escola técnica em cada canto do Brasil, nós estamos chegando lá, hoje com esse programa que nós vamos fazer a partir de 2011 até 2014, a gente pretende que 52% da população brasileira tenha uma escola técnica em seu município.

Luis - Com o quê, por exemplo?

Dilma - Quando as coisas, quando acontece alguma coisa errada no governo eu fico triste. Todo mundo pode perceber que a gente num governo tem muitas dificuldades. Agora, eu acho que esse Brasil dá mais motivo de alegria do que de tristeza, quando a gente percebe que o Brasil é um outro país e a gente percebe isso quando se vai para o exterior e vê a reação das pessoas ao que é o Brasil. O Brasil hoje é um país é uma das poucas economias do mundo que está crescendo, você tem hoje uma crise na Europa que está em todo qualquer jornal, não é só a Grécia, agora tão falando que está a Itália também ameaçada de ter problemas sérios. Mas não é só isso, tem os Estados Unidos, tava todo o mundo esperando que ele gerasse 180 mil empregos nesse mês que passou, geraram 18 mil empregos, e nós não, nós estamos mantendo uma taxa de geração de emprego elevada, mais de 250 mil empregos nós temos gerados, e vamos gerar, quero fechar esse ano com algo, com uma geração muito expressiva, acima de 1 milhão e 800 que é o calculo, eu quero ser conservadora, porque tem gente falando que pode dar mais. Mas tudo isso leva a um fato: o Brasil tem alto estima, as pessoas hoje percebem que estão em um país que vai ser. Pode escrever isso: vai ser uma das maiores economias do mundo, principalmente porque nós vamos acabar com a miséria nesse país, nós vamos acabar com a miséria. E acabar com a miséria é bom pra todo mundo, é bom pra quem está passando com a família necessidade, mas também é bom pra todo mundo, classe média, classe alta. Por quê? Porque aumenta o consumo, aumenta o consumo, aumenta a produção, e com a produção, aumenta o emprego, e aí a roda positiva começa a girar a favor de todo mundo. Então eu acho que o Brasil é mais objeto de alegria do que de tristeza.

Larissa Mazalotti, Onda Sul - Durante a campanha a senhora lutou muito contra isso e falou que iria continuar lutando contra o crack, e essa incidência de usuários e até do tráfico de drogas. Há quem defenda política publica para nossa região nesse sentido, já que a gente não tem nem um organismo público de recuperação de dependentes químicos. Como que está o planejamento para esse setor?

Dilma - A primeira coisa que eu acho que é muito importante no que se refere às drogas, é o fato de que a gente tem que reconhecer a realidade, e a realidade é a seguinte: o tratamento de drogas, principalmente do crack, hoje é, quem mais contribuiu com isso (até hoje) foram as comunidades terapêuticas, de várias igrejas, da evangélica, da católica, dos espíritas, enfim, se tem uma iniciativa da sociedade que chama Comunidade Terapêutica. Eu fiz uma reunião com todas as associações e a ministra Gleisi (Hoffmann), inclusive, participou de forma muito efetiva dessa reunião. Nessa reunião, nós colocamos a Secretaria Nacional Antidrogas e o pessoal do Ministério da Saúde. Vai ser uma das questões mais importante que nós temos de enfrentar, é o fato da secretaria do Ministério da Saúde. O Ministério da Saúde tem que fornecer recursos para essas comunidades terapêuticas que existem, ampliarem suas vagas, tem que fornecer condições para que elas melhorem as suas condições de atendimento, e é esse processo que nós estamos fazendo em conjunto com essas comunidades terapêuticas, o Ministério da Saúde e a Secretaria Nacional Antidrogas. Além disso, eu pedi imediatamente quando cheguei ao governo, dentro do Ministério da Justiça e o Ministério da Defesa para fazerem um programa de policiamento de fronteiras, porque o nós sabemos por onde entram as drogas no nosso país, entram pela imensa fronteira que nós temos de mais de 16 mil quilômetros. E aí eu queria te falar desse programa porque eu considero ele muito importante, eu até tô procurando ele aqui porque eu quero falar de forma bem clara sobre ele. Uma das características desse programa de fronteiras é o fato de que até pouco tempo atrás não era permitido as forças armadas policiarem a fronteira junto com a Polícia Federal, com a Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional de Segurança Pública. A partir do governo do presidente Lula várias alterações foram (feitas), é, feitas na legislação e a partir daí nós, agora, criamos um comando de operações que vai ser unificado entre as três polícias, a Polícia Rodoviária Federal, a Federal e a Força Nacional de Segurança Pública e as três forças armadas. Eles vão atuar em conjunto e vão fazer dois tipos de operação, um chamado de operação Sentinela, que é sistemática, ela já começou em 2010, de forma não completamente desenvolvida e agora foram eleitos 34 pontos vulneráveis, aqui na região, é a região de Foz (do Iguaçu), esses 34 pontos vão manter um nível de posicionamento, de policiamento e monitoramento dos dois órgãos, porque daí é o seguinte: a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária fazem e o Exército dá suporte, dá suporte logístico, dá suporte de inteligência, dá suporte de tudo, aí depois tem uma operação que se chama Ágata, essa quem faz é o Exército, e ela é uma operação de prevenção e de, vamos dizer assim, de ação mais efetiva no confronto, ela também inclui Foz do Iguaçu e Guaíra, inclui esses dois municípios, ela vai mobilizar cerca de cinco mil homens do exército, 200 homens de 20 navios da Marinha e 16 aeronaves da Aeronáutica, essas duas operações elas têm por objetivo criar força de ocupação das nossas fronteiras, como ela é muito grande nós vamos ter que combinar sempre ações relâmpagos, inteligência e o monitoramento diário das áreas que nós sabemos que são estratégicas.

Claudiney Del Cielo, da Rádio Educadora - Nós temos um problema em relação à carne, uma crise na suinocultura, isso tá gerando uma grande preocupação para os produtores e muitas reivindicações. O governo federal tem agido para resolver esse problema?

Dilma - No que se refere à carne suína, que sofreu embargo de importação da Rússia, as notícias são muito boas. Eu vim pra cá de helicóptero, inclusive o ministro, eu tô com mais dois ministros, o ministro da agricultura Wagner Rossi e o ministro do desenvolvimento agrário que é o Florence. O ministro Wagner Rossi estava me dizendo que a nossa equipe técnica esteve na Rússia, agora recentemente, e o resultado foi muito positivo, e ele está esperando uma solução nos próximos quinze dias, uma solução positiva e favorável. Com isso, é muito importante que o agricultor tenha consciência que as condições sanitárias da produção são fundamentais quando se trata de exportar produtos, quando se trata de vender o produto no exterior. Nós achamos que uma parte muito importante desse processo de garantia de qualidade o Brasil já cumpriu, acho que o Brasil hoje tem produtos que do ponto de vista sanitário são irrepreensíveis. A gente sabe que há situações desalentadoras que muitas vezes são insuscetíveis à concorrência e há conversas que não demonstram fundamentos, mas a nossa parte nós temos que fazer. E a situação hoje quanto às aves tem pouco problema, onde tem mais problemas é nos suínos. Essa questão dos suínos eu acho que nós superamos, superamos mais uma barreira pra essa conversa positiva com os russos.
Fonte: Cacispar

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