No mundo de hoje, duas gerações se encontram no trabalho. Uma é aquela mais tradicional, formada no lápis e no papel; outra, mais jovem, formada no computador. Liderar pessoas num cenário desses exige mais arte do que técnica. As duas gerações precisam se reeducar, pelo diálogo, que anda raro no mundo de hoje.
Assim falou a empresária Rosa Krausz, na palestra de quarta à noite que — novo sucesso — lotou o Espaço da Arte, dando sequência à 15ª Semana Empresarial da Acefb.
Em sua formação e na vida profissional, Rosa Krausz acumulou uma série de títulos: é socióloga, mestre em ciências sociais, doutora em saúde pública, consultora em treinamento e desenvolvimento de talentos humanos, entre outros, mas dedica boa parte do tempo a sua empresa, a Intelectus, de São Paulo. O trabalho sobrecarregou nos últimos dois anos, devido ao falecimento do marido.
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Rosa Krausz, durante entrevista, ontem à tarde, no Hotel Cristal.
Em conversa com o pessoal da imprensa beltronense, ontem à tarde no Hotel Cristal, ela dizia que uma vez assistia novelas, para manter-se atualizada, mas ultimamente não consegue nem mais isso. Nem vê televisão. E filmes, assiste somente quando viaja.
Já de cabelos muito brancos, tem a aparência que muitos imaginariam para uma pessoa acomodada, mas ela diz que precisa de tempo também para ler e se reciclar, para suas palestras, “não dá pra ficar só tirando, tem que abastecer também”, ela brinca.
Liderar pessoas nos tempos atuais — disse a palestrante — “é mais arte do que técnica. É preciso entender o ponto de vista e a vivência dos jovens que estão entrando no mercado de trabalho, que se convencionou chamá-los de geração Y, em contraposição à geração X, aquela que está com idade de 35 a 50 anos. Entre essas duas gerações existe uma diferença muito grande, principalmente de experiências, porque a geração Y nasceu e cresceu com o computador e portanto tem um relacionamento diferente com a tecnologia. E a geração anterior, embora tenha também alguma familiaridade com o computador, é ainda a geração formada no lápis e papel; eles foram à escola, aprenderam a escrever, mas o jovem de hoje não quer nem saber de taboada, ele diz pra que eu vou aprender se tem uma máquina que faz tudo isso? Eu vou usar a minha energia pra fazer outras coisas”.
Esse é o desafio, disse Rosa Krausz ao público que a ouviu com muita atenção e que permaneceu até o fim (alguns, talvez, porque no final seria sorteado mais um notebook, mas o assunto é de grande interesse).
Uma característica da geração X, segundo Rosa Krausz, é investir na empresa, enquanto que a geração Y investe na sua própria carreira. As empresas estabelecem metas, exigem produtividade, mas por seu lado o jovem trabalhador não se prende muito à empresa, por qualquer oferta melhor, muda de empresa.
Um problema é que muitas vezes jovens de 25 anos, nem sempre sensibilizados com este quadro, querem liderar adultos de 40 anos, com estilos diferentes. A solução é uma reeducação dos dois, através do diálogo, algo raro no mundo conturbado de hoje.
Ao ser perguntada sobre o trabalho humanizado que se propõe para as empresas, a palestrante disse que “na teoria é bonito, mas na prática não, é mais um desejo do que uma realidade”. E ela explicou: as pessoas estão sendo cada vez trabalhando mais e tendo menos tempo para o descanso e a família. Há empresas que exigem que seus funcionários fiquem de celular ligado nos fins de semana. E chegam a convocar, por e-mail, uma reunião para domingo à tarde. E aí, numa proposta de humanizar as empresas, vêm ofertas como aquela de ginástica paga pela empresa. Ora, o funcionário já tem pouco tempo pra ficar em casa e aí vai ter que sair uma hora mais cedo pra fazer ginástica!
Fonte: Cacispar