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terça, 07 de fevereiro de 2012

Indústria e Logística Lideram Emprego Qualificado no Paraná

Os dois setores têm um déficit de mão de obra estimado em 22 mil pessoas, segundo o Ipea
O Paraná seguirá em ritmo de expansão na oferta de empregos nos próximos dois anos, impulsionado pelo crescimento econômico do país e por investimentos ligados – direta ou indiretamente – à Copa do Mundo, aos Jogos Olímpicos, à exploração do pré-sal, à melhora da infraestrutura do estado e à construção do metrô em Curitiba.

Quem vai contratar
Vários setores vão sentir o efeito dos investimentos sobre a demanda por mão de obra qualificada. Veja quais são as áreas que devem gerar empregos nos próximos anos, segundo a consultoria Hays:

Indústria - Com o aquecimento da economia e da construção civil, a indústria siderúrgica e as plantas beneficiadoras de cimento na Grande Curitiba devem demandar novos profissionais qualificados. Há também boas perspectivas para o setor automotivo.

Construção civil – O mercado imobiliário deve se focar, nos próximos anos, em edifícios comerciais e para a rede hoteleira. Além disso, empresas que prestam serviços na área de infraestrutura devem se beneficiar, tanto nacional quanto localmente.

Logística – As obras para a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil vão estimular um setor carente no país, a infraestrutura. Empresas prestadoras de serviço e de construção voltadas para o setor devem ter demandas nos portos do Paraná, bem como em aeroportos.

Petróleo e gás – Apesar de os investimentos para a exploração do pré-sal serem menores no Paraná, especialistas indicam que eles não serão poucos. O Paraná tem um polo petroquímico forte em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, e por essa razão os fornecedores da Petrobras e a própria estatal devem realizar investimentos em logística, refino e distribuição.

Tecnologia da Informação – O Paraná é um polo de formação de mão de obra no setor, principalmente nas regiões de Curitiba, Londrina e Maringá. Várias multinacionais começam a se instalar no estado buscando os profissionais qualificados e também surgem fábricas de software de menor porte.

Agronegócio – Uma das locomotivas do estado, a agricultura paranaense passa por um forte processo de modernização, principalmente com a chegada de multinacionais. Essa nova etapa vai requerer a presença de profissionais que atuem com projetos de expansão e transferência de tecnologia.

Varejo e consumo – As medidas do governo para redução de impostos e o incremento salarial impactam no desempenho dos setores para 2012. No segmento de varejo, o mercado empreendedor de franquias e microfranquias deve ganhar mais espaço.

Serviços – O Brasil será palco da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, eventos que devem atrair milhares de turistas ao país. Curitiba, por ser cidade-sede do Mundial, entra na rota dos investimentos hoteleiros. Várias redes internacionais estão investindo na cidade e na região metropolitana – os investimentos chegam até Ponta Grossa.

Futuros contratados
A expansão da economia brasileira, aliada às ondas de investimentos, aumentará a demanda por profissionais qualificados. Veja as profissões que estarão em alta nos próximos anos em diversos setores:

Indústria em geral
Especialista em Supply chain, gerente de logística, gerente de compras, especialistas para a área financeira (controladoria com foco em custos).

Indústria de base
Engenheiro de mina (para prospecção de minério) e engenheiro de projetos (para novas fábricas ou linhas de produção).

Indústria da construção civil
Gerente de obras (no setor imobiliário) e gerente de contratos (em segmentos de infraestrutura – transporte, energia e aeroportos).

Indústria farmacêutica
Gerente de vendas e gerente de trade marketing.

Indústria de equipamento médico
Engenheiro com foco em pesquisa e desenvolvimento.

Petróleo e gás
Engenheiro de projetos, engenheiros civis e geólogos (com foco na prospecção de novos pontos de petróleo).

Logística
Gerente de logística com conhecimento multimodal e gerente de comércio exterior.

Tecnologia da Informação
Gerente de projetos, arquiteto de softwares e programadores em geral.

Serviços
Rede hoteleira: gerente de facilities & utilities e gerente financeiro/administrativo; prestadoras de serviços em geral: gerente comercial.

Agronegócio
Profissionais ligados à área de pesquisa e desenvolvimento e engenheiro agrônomo focado em processos.

Varejo e consumo
Gerente de vendas, gerente de trade marketing e gerente de franquia.
Fonte: Hays Recruiting experts worldwide


Dicas
Quer destaque? Qualifique-se
Especialistas em gestão de pessoas recomendam que o profissional deve se qualificar para ganhar destaque no mercado de trabalho. Atualização constante, conhecimento de mercado e uma segunda língua são itens necessários em um cenário em o Brasil se coloca como player global.

“Para aproveitar o ciclo de investimentos, é preciso boa formação e conhecimento técnico do mercado em que se atua. Muito dinheiro está vindo de fora e por isso é preciso saber se comunicar com o investidor: o inglês é fundamental”, ressalta o diretor da regional Sul da Business Partners, Carlos Contar.

Manter um bom relacionamento profissional é outra dica importante, segundo Mariciane Gemin, sócia-gerente da Asap em Curitiba. “É preciso que o profissional desenvolva suas potencialidades e mantenha um bom relacionamento. Por isso é necessário que se esteja conectado às redes sociais”, recomenda.

Ser flexível e ter disponibilidade para mudança também podem contar pontos a favor do profissional em um processo seletivo. “É importante demonstrar flexibilidade para viagem e mudança, tanto nacional quanto global. Um profissional preso às raízes pode ser visto pelo mercado como limitado”, salienta Cesar Rego, gerente da Hays Curitiba. (JPS)

Um comunicado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), emitido em 2011, apontou um déficit de mão de obra para 22 mil vagas nos setores da indústria e da logística do Paraná, justamente as áreas que devem responder pelo maior número de postos para profissionais de média e alta qualificação.

“O mercado interno é robusto, embora não esteja blindado contra um agravamento da crise econômica internacional”, pondera Julio Suzuki, diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), para quem o número de empregos pode tranquilamente repetir o resultado de 2011.

No ano passado foram preenchidos no estado 126 mil novos postos formais de trabalho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O melhor resultado da série histórica foi em 2010, no auge do crescimento econômico da década, quando foram criados 153 mil empregos.

Demanda
Especialistas em mercado de trabalho exibem motivos para acreditar em crescimento da demanda por profissionais. Além de se beneficiar de investimentos de alcance nacional, o Paraná vive ciclos próprios de desenvolvimento que demandarão, por exemplo, mais engenheiros. É o caso das obras de infraestrutura rodoviária e portuária e da construção do metrô de Curitiba.

Cesar Rego, gerente em Curitiba da Hays, empresa de recrutamento de atuação global, estima que a maior oferta de vagas no estado se distribua por pelo menos 11 grandes áreas e 28 tipos de atividades, todas para profissionais com qualificação e experiência. A indústria da construção civil, por exemplo, deve ficar aquecida até o Mundial de futebol, puxada por investimentos na rede hoteleira. Em seguida, os próprios hotéis terão de aprimorar o staff para receber turistas.

De acordo com o diretor da regional Sul da Business Partners, Carlos Contar, a economia brasileira vai precisar de suportes para continuar crescendo. “Serão necessários investimentos em infraestrutura. Há grandes oportunidades para engenheiros, administradores e profissionais que atuam com vendas”, diz.

O setor industrial, em especial a indústria de base, continuará em ritmo de expansão, segundo Mariciane Gemin, sócia-gerente da consultoria Asap em Curitiba. “Áreas como engenharia, compras, logística e processos serão mais demandadas, pois são a base para o crescimento das operações industriais”, afirma.

Para Cesar Rego, se o profissional começar a buscar aprimoramento ainda consegue “surfar” nesta onda. “Os ciclos de investimento que o país vai viver, inclusive os estaduais e na capital, serão de longo prazo, por isso menos vulneráveis às crises internacionais. Ainda dá tempo para começar a se preparar e crescer junto”, avisa.

Instituições de ensino buscam sintonia com as demandas das empresas
Para tentar diminuir a distância entre a necessidade do mercado e a qualificação dos profissionais, instituições de ensino têm buscado uma sintonia maior com as empresas para atender à demanda por profissionais habilitados e criar oportunidades para os jovens.

É o que faz a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). “A oferta de vagas em todos os cursos está sendo dobrada para aumentar o acesso à universidade, inclusive em cursos com alta carência de mão de obra, como a engenharia, por exemplo. Além disso, o estágio é uma disciplina obrigatória para que o estudante tenha uma formação sólida, em sintonia com o mercado”, ressalta o diretor de relações empresarias e comunitárias da UTFPR, Nicolau Afonso Barth.

No TECPUC foi aberto neste ano o curso de Técnico em Eventos, com foco no planejamento e execução de grandes eventos, como a Copa do Mundo e a Olimpíada.

Mas, para o diretor regional do Senai-PR, Marco Antônio Secco, as universidades ainda estão descoladas da realidade do mercado. Segundo ele, o Senai oferece projetos estruturantes para os profissionais da indústria. “Não é para fazer concorrência com as universidades, mas para suprir a carência de mão de obra. No ano passado 271 mil profissionais passaram pelos cursos do Senai-PR. Isso equivale a mais de um terço do total dos profissionais da indústria paranaense. Nossos comitês técnicos contam com o apoio de empresas, para traçar o perfil do profissional demandado”, ressalta Secco.

Mercado
Empresas de diversos setores já sentem a falta de mão de obra e projetam mais demanda para este ano. Para Ana Iria Vianna, diretora financeira da concessionária de veículos Copava e acionista do Grupo Noster, que atua no ramo de incorporações, há previsão de aumento nas vendas de automóveis e no número de lojas da concessionária. Com isso, novos funcionários precisarão ser contratados. “Hoje já temos dificuldade com os cargos do setor comercial e técnicos de oficina. Na construção civil, também está difícil contratar. Grandes projetos em vias de iniciar vão precisar cada vez mais de trabalhadores, que muitas vezes vêm de fora”, diz.

No varejo, a busca por profissionais qualificados também é grande. Na Omar Calçados, a dificuldade em preencher as vagas abertas deve continuar este ano, com a abertura de mais cinco unidades da rede. “Estamos treinando funcionários dentro do quadro para deixá-los prontos quando as lojas forem abertas”, explica o gerente comercial Luiz Henrique Linhares.
Fonte: Jornal Novo Tempo

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