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terça, 14 de fevereiro de 2012

Exportação Perde Espaço na Indústria Paranaense

Fábricas do estado, que chegaram a vender um quarto de sua produção para outros países, exportam hoje menos de 20%. Fenômeno acentuou dependência do mercado interno
Apesar do forte crescimento da produção (7%) e das receitas (5,8%), a indústria do Paraná não conseguiu reverter em 2011 uma tendência que se aprofundou nos últimos anos: a perda de importância do mercado externo em seus negócios. Indicadores divulgados neste mês evidenciam que, afetadas pela valorização da moeda brasileira – que diminui a competitividade do produto nacional – e pela crescente concorrência de mercadorias asiáticas, as fábricas do estado vendem uma parcela cada vez menor de sua produção para clientes estrangeiros.

Um índice desenvolvido pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) mostra que 18,1% da produção industrial do Paraná foi vendida a outros países em 2011, índice quase igual ao de 2010 (18%). Com isso, a participação das exportações no total produzido se manteve no menor patamar já registrado pela federação, e bem abaixo do recorde de 26,4%, estabelecido em 2004.

Publicado na semana passada, o número do Índice Firjan de Produção Exportada (IFPE) – calculado a partir do cruzamento dos dados de exportação e produção fornecidos por órgãos do governo federal – é muito semelhante ao revelado no início do mês por uma sondagem da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo o levantamento da Fiep, em 2011 apenas 17,3% das receitas da indústria paranaense vieram das exportações, o menor índice desde 2000 (17,1%) – na série da entidade paranaense, o nível mais alto foi atingido em 2008 (25,6%).

A sondagem da Fiep também mostrou que, em relação a 2010, as receitas de exportação caíram 2,4% em moeda nacional. Essa retração não chegou a reduzir o faturamento total da indústria, sustentado pela forte alta das encomendas feitas por empresas locais. Mesmo assim, o progressivo enfraquecimento das vendas ao mercado externo acende um alerta: se em algum momento a demanda doméstica esfriar, o setor industrial não terá onde compensá-la.

Atividades
Das 12 atividades industriais paranaenses avaliadas pela Firjan, sete elevaram a parcela de sua produção destinada ao exterior na passagem de 2010 para 2011. Mas, ainda assim, a maioria ficou longe de seus melhores índices. No segmento de máquinas e equipamentos, por exemplo, o IFPE subiu de 12% para 12,2%, mas já esteve acima de 20% em meados da década passada.

A indústria automobilística, que anos atrás exportava mais de 40% de sua produção, encerrou 2011 com índice de 17,5%. No ramo de aparelhos e materiais elétricos, a parcela exportada despencou de 35,5% em 2010 para 23,9% no ano passado – queda provocada principalmente pela redução nas vendas de condutores elétricos, segundo a Firjan.

Por outro lado, dois segmentos exibem índice de exportação considerado alto: o de produtos químicos, cuja parcela vendida ao exterior subiu de 29,2% para o nível recorde de 32,4% em 2011; e o de produtos alimentícios, que fechou o ano com IFPE de 35,1%, dois pontos porcentuais acima da marca de 2010. No primeiro caso, a Firjan destacou as exportações de adubos e fertilizantes e, no segundo, os embarques de farelo de soja.

Ladeira abaixo
Produtos industrializados representaram 52,1% de tudo o que a economia paranaense exportou em 2011. Foi o índice mais baixo desde 1999, início da série histórica do Ministério do Desenvolvimento. Em 2006, a indústria chegou a responder por quase 70% dos embarques, mas desde então cede espaço a produtos básicos, em especial commodities agrícolas. Considerando somente os manufaturados (industrializados de alto valor agregado), o recuo foi ainda mais forte: a fatia deles encolheu de 57,4% para 38,2% no período.
Fonte: Jornal Novo Tempo

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