Políticos da base aliada do governo criticaram uso de recursos do banco no plano de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour. Empresário Abilio Diniz defende o negócio.
A projetada fusão das duas maiores cadeias de supermercados no Brasil -- o Pão de Açúcar e o Carrefour -- esbarrou em críticas até de políticos da base aliada do governo federal.
Para ser realizado, o negócio depende de uma bilionária injeção de recursos vindos do BNDES, o grande banco de investimentos do país – que depende de dinheiro público.
O que começou como um negócio privado, já virou assunto para debate político. “Essa orientação na aplicação dos recursos exclui a hipótese de banco social. O que há é um banco privilegiando mega-empresários no país com recursos públicos. O governo já transferiu cerca de R$ 260 bilhões do Tesouro da União para o BNDES, subsidiando juros, que privilegiam apenas os mais próximos do poder”, fala líder do PSDB-PR, o senador Álvaro Dias.
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu o possível negócio. “Não. Não há nada de ilegal nessa operação. Pelo contrário. É o BNDES ajudando uma empresa nacional a se tornar um player mundial. É uma questão positiva”.
O problema é que na engenharia financeira que foi feita, a nova empresa não seria exatamente um player mundial. O Bndespar entraria com R$ 3,9 bilhões e o BTG Pactual com quase R$ 700 milhões.
Com essa ajuda, seria formado o novo Pão de Açúcar, metade das ações na mão do Carrefour e a outra metade com o Pão de Açúcar. Esse grupo deteria apenas 11,7% das ações do Carrefour mundial.
A fusão ainda precisa ser aprovada pelos sócios. O francês Casino, rival do Carrefour na França e sócio do Pão de Açúcar no Brasil, soltou uma nota dizendo que o objetivo do negócio é impedir que o grupo francês assuma o controle do Pão de Açúcar no ano que vem.
Num comunicado na noite desta quarta-feira (29) aos investidores, o Casino informou que comprou mais ações do Pão de Açúcar nas últimas duas semanas e aumentou a participação na companhia para 43% - mais que o dobro do que Abílio Diniz tem.
O empresário Abilio Diniz defende o negócio. “Acho que o BNDES fez um bom negócio, está evitando que o sistema de abastecimento seja totalmente desnacionalizado, acho que está fazendo um serviço para o consumidor, para a sociedade, para todos os brasileiros”.
Mesmo que eles cheguem à um acordo, a fusão precisaria ser analisada pelo Cade. “Sem dúvida que isso, em princípio, denota uma concentração no mercado. Mas a analise é feita de forma muito técnica, de forma muito especifica”, afirma o presidente do Cade, Fernando Furlan.
Abilio Diniz rechaça a tese de monopólio e diz que o consumidor será beneficiado. “Nós vamos ter muita sinergia na unificação das duas empresas, quem vai se beneficiar disso vai ser o consumidor. Não há espaço para aumentar preço até pelo contrário vamos diminuir. O consumidor será beneficiado”.
Fonte: Cacispar