Sacolas Retornáveis

quinta, 20 de outubro de 2011

Iniciativa Pretende Retirar Sacolas Plásticas de Circulação dos Mercados

Seguindo o exemplo de outras cidades do Sudoeste, como Marmeleiro, Realeza, Salto do Lontra e Dois Vizinhos, a partir do próximo dia 16 de novembro, uma quarta-feira, a população de Francisco Beltrão terá de se adaptar a uma nova realidade: não haverá mais sacolas plásticas disponíveis gratuitamente na maioria dos supermercados e mercearias A iniciativa partiu da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios e conta com o apoio do Sesc, do Sistema Fecomércio, dos Rotary e da Secretaria de Meio Ambiente.

No entanto, a mudança, que ainda nem começou, já está causando polêmica e dúvidas entre os moradores. Vilmar Rigo, técnico da Secretaria de Meio Ambiente e coordenador do Programa Cidade Limpa (recolhimento do lixo reciclável), disse ao Jornal de Beltrão que a população precisa estar ciente que a retirada das sacolas plásticas não é lei no município. “Nós apoiamos o projeto porque é uma iniciativa de cunho ambiental. É importante deixar claro que sempre pregamos sobre o consumo racional das sacolas plásticas, mas entendemos que não é eliminando a sacola que o problema do impacto ambiental vai acabar”, declarou o técnico.

De acordo com Vilmar, o problema das garrafas pet é bem maior. No entanto, a grande maioria das garrafas e das sacolas plásticas é encaminhada para a reciclagem. “A sacola plástica que é usada para embalar um outro tipo de material reciclável, na hora de separar os produtos, ela também ganha seu destino correto.”

Sacola plástica e o lixo

Depois de guardar as compras nos mercados, a sacola plástica ganha outra utilidade. Grande parte das donas de casa a reutiliza para armazenar o lixo. Essa talvez seja a questão que mais está provocando dúvidas e desconforto na população.

Segundo o técnico, a sacola plástica é feita de um polietileno virgem. O saco de lixo, comercializado nos estabelecimentos há muito tempo, normalmente é feito de embalagens recicláveis, mas também não deixa de ser um polietileno. “Se compararmos a durabilidade dele no meio ambiente, praticamente não muda nada em relação à sacola plástica. O que realmente faria diferença era utilizar um material oxibiodegradável, que se dissolve num tempo menor que os demais”, observou.

Ou seja, de uma forma ou de outra, a população vai continuar armazenando o lixo residencial em sacolas de polietileno. Rigo deixou claro que ninguém é vilão na história: nem os supermercados, nem o consumidor, nem as sacolas. “Praticamente 100% das residências utilizam sacolas de plástico para guardar o lixo. Se não for ela, será outra embalagem que chegará até o aterro sanitário. Não tem como embalar lixo orgânico em saco de papel.”

Conforme o técnico da secretaria, algumas donas de casa já procuraram a prefeitura para saber como vai funcionar a mudança. Estão preocupadas com a retirada das sacolas, já que as utilizam para armazenar o lixo dentro de casa. Por isso, a ideia é comercializar as sacolas plásticas nos mercados a preço de custo. “O objetivo do projeto é que pelo menos, por certo período, sejam disponibilizadas sacolas plásticas à venda nos mercados. Mas a intenção é vender as sacolas retornáveis, conhecidas como ecobags, e facilitar a aquisição dos sacos de lixo”, afirmou.

Sem obrigação

Vale ressaltar que não existe uma legislação que proíba a utilização da sacola de plástico. A iniciativa, na verdade, visa amenizar o impacto ambiental e aperfeiçoar seu uso. Segundo Rigo, as pessoas terão de se acostumar a carregar as compras em sacolas retornáveis ou caixas de papelão e, ainda, utilizar o serviço de entrega dos produtos nas residências. A secretaria apoia o projeto, mas é preciso esclarecer que não é lei municipal e nenhum estabelecimento é obrigado a aderir à campanha. Contudo, a ação deve criar uma educação ambiental. “Como não é lei, ninguém é obrigado. É uma questão voluntária.”

De qualquer forma, dia 16, em muitos mercados e mercearias não haverá mais sacolas plásticas à disposição dos consumidores.

Projeto de sucesso em Marmeleiro

Em Marmeleiro, município com 14 mil habitantes, desde o dia 1º de agosto de 2011 é lei municipal: a utilização de sacolas plásticas está proibida em supermercados e mercearias. Segundo a coordenadora do projeto de triagem de lixo e educação ambiental, Marilete Chiarelotto, a discussão começou ainda em 2010. Nos meses de junho e julho deste ano, na Semana do Meio Ambiente, foi lançada oficialmente a campanha. “Depois de muita divulgação foi implantado o projeto, com base na lei municipal nº 1.812/11”, disse Marinete.

No início, alguns moradores não viram a mudança com bons olhos, mas hoje, a coordenadora garante que o resultado é positivo. “As pessoas do interior estão de parabéns. Elas já trazem sua caixa de papelão no carro. A maioria, aos poucos, se acostumou a levar as sacolas retornáveis até o mercado e descartar a plástica.”

De acordo com a coordenadora, para que uma iniciativa como essa dê resultados, é preciso envolvimento da população e boa vontade. “É uma mudança de hábitos, afinal, são anos e anos usando as sacolinhas plásticas. Na verdade, o ser humano tem que reduzir o consumo de qualquer tipo de embalagem descartável. Cerca de 50% desse resíduo é encaminho para reciclagem, é muito pouco”, enfatiza.

Em Marmeleiro a iniciativa deve ser estendida para todo o comércio. Em agosto de 2012 nenhuma loja deverá mais distribuir as sacolas plásticas, a exemplo do que já fazem os mercados.
Fonte: Jornal de Beltrão

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